quinta-feira, 22 de março de 2012

A Vida no sertão: Fazendeiros de Gado, Vaqueiros e "Fábricas"



A expansão pastoril propiciou o surgimento de um novo tipo de colono, o fazendeiro de gado. Em média cada fazenda possuía três léguas de comprimento por uma de largura, sem cercas e separadas por uma légua de terras que permaneciam sem donos. No entanto, a facilidade na obtenção de terras, muitas vezes recebidas como sesmarias, determinou a concentração de imensas propriedades nas mãos de um só dono. Conforme registro do padre jesuíta Antonil, "o sertão da Bahia quase todo pertence a duas das principais famílias da mesma cidade, que são a da Torre (os d'Ávila) e a do defunto mestre-do-campo Antônio Guedes de Brito". Os d'Ávila, os senhores da Casa de Torre, chegaram a ter dúzias de fazendas na margem esquerda do São Francisco, enquanto os herdeiros de Guedes de Brito ocupavam a margem oposta até o rio das Velhas.

Garcia d'Ávila, patriarca da família, chegou à Colônia com o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa, de quem recebeu sesmaria, iniciando sua criação com duzentas cabeças de gado. À medida que o rebanho cresceu recebeu mais terras para pastagens. Os d'Ávila tornaram-se grandes proprietários de terra e ficaram conhecidos como os senhores da Casa da Torre, por habitarem uma construção imponente em forma de castelo, cujas ruínas ainda demonstram a sua grandiosidade.

Montar uma fazenda não exigia grandes investimentos. As instalações eram simples. Bastava uma pequena casa coberta de palha, currais e algumas cabeças de gado. A mão-de-obra era reduzida. Era formada pelo vaqueiro e seus auxiliares, "os fábricas". O proprietário em geral morava longe, às vezes em seu engenho no litoral e mantinha pouco contato com sua propriedade. O vaqueiro dirigia a fazenda recebendo ¼ das crias ao final de cinco anos.

Recebendo em cabeças de gado, alguns vaqueiros conseguiram instalar-se por conta própria em terras adquiridas ou arrendadas aos grandes senhores de sesmarias do sertão. Assim formavam seu curral. Criavam-se também cavalos, indispensáveis aos vaqueiros que precisavam percorrer grandes distâncias para tomar conta do gado que vivia solto.

Desenvolveu-se a pecuária extensiva, que não necessitava de terras apropriadas e nem exigia pessoal treinado. Os "fábricas", subordinados aos vaqueiros, cuidavam dos rebanhos e mantinham roças para sua subsistência. Recebiam, às vezes, uma pequena remuneração anual. Eram homens livres, índios, mamelucos, mestiços e negros libertos. Houve poucos trabalhadores escravos na atividade pastoril nordestina.

A vida dos ocupantes do sertão era difícil. Abundância só de carne e leite. Usavam o leite coalhado ou como queijo, apenas para o próprio consumo, sem comercializar o produto. A farinha, de mandioca, legado dos indígenas, juntou-se à carne,originando a paçoca, ainda hoje consumida pelos vaqueiros.



A região pastoril do Nordeste abastecia a região açucareira, principalmente Bahia e Pernambuco. Boiadas de 100 a 300 cabeças percorriam o sertão em busca dos centros de consumo. Consumia-se a carne fresca e a carne-seca, também chamada carne-do-ceará, que se tornou um dos produtos mais importantes do comércio interno da Colônia.

O couro era exportado sob a forma de solas, e servia também para embalar o fumo destinado à exportação. Usava-se o couro para quase tudo. Capistrano de Abreu observou que os sertanejos atravessaram a "época do couro", tal a sua importância na fabricação de roupas e de instrumentos necessários à vida dos vaqueiros. Era de couro tudo o que os cercava: a porta das cabanas, leitos, cordas, cantil, alforje, mochila, bainhas de faca e até as roupas com que enfrentavam a caatinga. Até hoje, em muitas regiões, os vaqueiros conservam o costume de se vestirem de couro.�



A vida desses heróis do campo não é nada fácil. Esse personagem típico do sertão, o vaqueiro ainda hoje mantém tradições e bravuras herdadas dos tempos da “civilização do couro”. A lida do vaqueiro atrás dos rebanhos nessa terra de ninguém foi elemento formador de cidades, base de alimentação e motivadora de rituais, festas e mitos. O que mais chama a atenção é a vestimenta ou gibão de couro, feita por vaqueiros que passam a tradição de pai para filho. Essa vestimenta inclui chapéu, guarda-peito, luvas, perneiras como proteção contra os espinhos da caatinga. O couro é usado para quase tudo- das solas dos sapatos a bolsa para embalar o fumo. Na época colonial, o couro era ainda matéria-prima para portas de cabanas, leitos, cordas, cantil, alforjes, mochilas, bainhas de faca. Os animais são ferrados com um ferro bem quente para identificação, lembrando que cada animal carrega a marca do seu dono. A tradição herdada dos tempos da colônia registra que, uma vez por ano, geralmente com a chegada do inverno, os vaqueiros recolhem os bois as propriedades para identificá-los e separá-los. O reconhecimento dos animais é feito, quase sempre, pelas marcas dos ferros no couro dos bichos. Eles servem de assinatura dos proprietários. Como não poderia deixar de ser, os vaqueiros tem a sua alimentação a base de carne e leite. Usam o leite coalhado ou com queijo para o próprio consumo. A vida desses heróis do sertão é difícil ate de mais. Toda a sua vida gira em torno do couro. Nas fazendas, a primeira tarefa é tirar leite das vacas, com o bezerro amarrado junto ao corpo da mãe- para que ele “libere o leite”. A vida dos vaqueiros de hoje não difere da de antigamente. Correr atrás do animal desgarrado faz parte do seu dia a dia. No Nordeste brasileiro esta prática é bastante comum ver por estradas de terras esses homens vestidos de roupa de couro correndo atrás das reses, ariscando sua vida em plena caatinga, de árvores espinhentas e cheias de surpresas. Como dizia o escritor, Euclides da Cunha em seu livro Os Sertões, “o vaqueiro atravessa a vida entre ciladas, surpresas repentinas de uma natureza incompreensível, e não perde um minuto de trégua”.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

As várias famílias do século XXI



Quando falamos da família formamos uma imagem imediata de um conjunto de pessoas ligadas por laços de consanguinidade que vivem juntos em regime de coabitação.

O estudo da família consiste na compreensão das variações que este grupo pode assumir, e vem assumindo, na nossa sociedade. Trata-se portanto de identificar os tipos de família que existem.

É comum ouvirmos, principalmente através da mídia, que diversos problemas sociais que existem (drogas, violência na escola, etc.), nascem direta ou indiretamente de uma crise da família.

Esta ideia, a de uma crise da família, se refere, entre outras questões, a uma relativa diminuição do modelo de família dominante, a chamada família nuclear.
No intervalo de três décadas (1970-2000) o modelo de família nuclear, embora ainda corresponda a maioria das famílias brasileiras, vem experimentando uma perda relativa de importância no conjunto das famílias. Uma das configurações que a família vem assumindo corresponde a família monoparental, que, ao contrário da família nuclear, aumentou de forma contundente entre 1970 e 2000.





Nosso estudo sobre as famílias consiste no entendimento dos principais tipos de famílias.

a) A Família Monoparental é aquela formada pelos filhos e apenas um dos genitores, ou seja o pai ou a mãe.
Muitos estudos tem chamado a atenção para a importância destas famílias na reprodução de algumas dificuldades para os indivíduos que participam dela. É que muitas das famílias monoparentais são liderada pelas mulheres e em geral mulheres de classes sociais mais baixas sem acesso aos recursos legais que poderiam obrigar o pai a assumir as responsabilidades na criação dos filhos. Some-se a isto o fato de no Brasil a remuneração do trabalho das mulheres ser menor do que o dos homens.

Tudo isto faz das famílias monoparentais um tipo de família mais presente nos grupos mais pobres .

b) A Família Nuclear é o tipo mais comum de família. É o grupo formado pelo casal e filhos. Conforme o gráfico acima, este tipo apresenta uma tendência a diminuição. Os resultados do censo deste ano, 2010, vai confirmar se esta tendência se mantém, aumenta ou se estabilizou. De qualquer forma este ainda será o principal tipo de família no Brasil.





A sua diminuição exige que nos desdobremos em busca de explicações.

Exatamente aqui é importante a compreensão do conceito de papel social de gênero. Quando olhamos a família nuclear temos apenas o conjunto dos membros. Entretanto, se nos atermos a distribuição dos papéis sociais entre o casal, nós podemos expandir a família nuclear em subtipos.

Quando os papéis sociais de gênero dentro da família, entre o casal, é feito de modo a resultar ao homem a tarefa de provedor da família, principal ou exclusivo, e à mulher as tarefas domésticas não-remuneradas, nós temos um tipo de família nuclear chamada de tradicional.

Na verdade a crise da família nuclear está relacionada com este tipo família, o tradicional. É que nesta família homens e mulheres tem poderes diferentes, gozam e status desiguais. O homem costuma ter todo o poder de decisão sobre a família.

As conquistas das mulheres das últimas décadas estão apoiadas em alguns pilares fundamentais. Um deles é a conquista do trabalho. O fato de as mulheres saírem de casa para trabalhar, e em alguns casos, ser o principal provedor, altera a distribuição de poderes dentro da família. A difusão de anticoncepcionais também faz parte deste processo pois libera o corpo da mulher da maternidade, no sentido de que esta passa a ser uma opção e não necessariamente uma fatalidade. Com os anticoncepcionais as mulheres podem decidir se querem ter filhos, quantos, quando, ou mesmo se preferem se dedicar a formação profissional em vez de ter filhos.

Estas conquistas resultam nas transformações nos papéis de gênero que passam a refletir na família através da divisão das responsabilidades com as tarefas domésticas entre homens e mulheres. Este estado de coisas resulta numa nova modalidade de família nuclear, chamada de de família conjugal, aquela em que os papéis sociais de gênero resultam em igualdade entre o casal quanto as decisões para com a família e nas responsabilidades na criação dos filho e na administração da casa.

c) As mudanças nos papéis sociais de gênero, entretanto, ocorrem mediante muitos conflitos, às vezes até sob a forma de violência doméstica. Muitos casais não suportam as divergências e se desfazem. Deste modo muitas pessoas que já possuem filhos passam a estar “disponíveis” para novas relações. Quando se formam novos casais que reúnem pessoas que já tem filhos e todos coabitam, o casal e os filhos de casamentos anteriores, nasce aquilo que é chamado de família recomposta.

d) Outro tipo de família é a chamada família extensa. Esta corresponde ao “esticamento” da família em direção gerações anteriores ou posteriores à família nuclear. Por exemplo, quando os pais de um parceiro do casal passa a coabitar com a família nuclear ou quando um dos filhos forma sua família e coabita na casa de sua família nuclear original

PESQUISA COM TRANSEXUAIS MOSTRA PRECONCEITO



As mulheres transexuais freqüentemente não aguentam o preconceito e as agressões que sofrem durante o processo de transição de sexo. É o caso da militante transexual Carla Machado. Formada pela USP e com MBA em marketing, Carla largou o emprego de nove anos em uma multinacional por não agüentar a hostilidade no trabalho. Ela conta que, desde criança, sentia-se uma mulher e só se deu conta de que era um menino ao chegar à puberdade. Daí viveu um período que chamou de fase andrógina. Ela se vestia com roupas neutras e escondia a identidade feminina para conseguir terminar a faculdade e encontrar um emprego. Aos poucos, foi sentindo a necessidade de se libertar e começou a tomar hormônios. As mudanças, porém, não passaram despercebidas na empresa.

“Primeiro deixaram de me chamar para as reuniões semanais com a diretoria. Depois algumas colegas para quem eu contei minha situação espalharam a notícia. Eu sabia que o diretor de recursos humanos não queria que eu permanecesse na empresa. Fiz um acordo que me deu vantagens e fui embora. Eu não podia ficar lá”, afirma.

 A hora de mudar de sexo
Um outro ponto detectado pelo estudo de Kristen Schilt foi que os homens transexuais fazem a transição de gênero em média 10 anos antes de as mulheres transexuais. As meninas geralmente vislumbram os privilégios de pertencer ao sexo masculino e mudam a aparência física ainda no final da adolescência ou durante a faixa dos vinte anos. Já os homens receiam perder o emprego, a independência financeira ou até mesmo magoar a família se assumirem sua identidade feminina. Muitos, por imposição da sociedade, chegam a se casar e ter filhos.

Helena, uma transexual que não prefere não revelar sua identidade, relatou que a decisão de assumir a transexualidade só veio aos 43 anos. Ela teve uma breve carreira militar, era casada e tem uma filha. A auto-repressão quase a enlouqueceu. Helena tinha medo de perder o emprego de artista plástica em uma grande produtora cultural. “Mas chegou um momento em que eu não pude mais agüentar. Ao mesmo tempo que ainda tenho um pouco de dificuldade em me aceitar, era uma violência comigo mesma negar que eu era uma mulher. As pessoas tomam um choque, mas tive a felicidade de minha família entender e de os colegas de trabalho aceitar”.

O desfecho de aceitação da história de Helena, no entanto, não reflete a maioria dos casos, apesar de não ser possível determinar o que é maioria, já que não há estatísticas sobre a população transexual. Nem estimativas. De acordo com a professora Berenice Bento, não há políticas públicas de proteção e inserção dos transexuais na sociedade. No site do Ministério do Trabalho há um programa chamado Brasil Raça e Gênero que afirma, em termos vagos, possuir ações para a inclusão dos transexuais no mercado de trabalho. Ao ser solicitada, a assessoria do Ministério informou que, apesar de tais medidas constarem no programa, nenhuma ação ou política foi estabelecida. A Secretaria Especial de Direitos Humanos também não tem programas específicos para transexuais. O Ministério Público do Trabalho não tem números sobre os processos por preconceitos contra transexuais no mercado de trabalho.

 O preconceito contra transexuais
A escassez de dados ajuda a deixar ainda mais distante das vistas da sociedade a situação dos transexuais, que, segundo Berenice, é “absolutamente trágica”. A inserção no mercado formal é baixíssima. Em sua tese de doutorado, a professora analisou um grupo de 20 transexuais de diferentes classes sociais escolhidas aleatoriamente. Das 20, apenas uma havia entrado na faculdade e, mesmo assim, não tinha conseguido concluir os estudos por conta do preconceito.

O cenário para as transexuais, no entanto, é de ligeira melhora, afirma a militante Carla. A principal razão é a recente decisão do Ministério da Saúde de incluir a cirurgia de mudança de sexo na lista de procedimentos pagos pelo SUS. A transferência das ações do Ministério para a área da saúde da mulher agradou as transexuais, que querem ter o reconhecimento de que não são homens que se vestem de mulher, mas mulheres de fato. Mas a evolução ainda é insuficiente na opinião da socióloga Berenice Bento, que vê no Estado o principal agressor das transexuais por causa da ausência de políticas públicas e da ação violenta da polícia. “Se faltam diretrizes básicas para a proteção física das transexuais, pensar em inserção no mercado de trabalho é algo muito distante”, diz.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ANDANDO PARA CIMA

IBGE mostra que o Brasil
é um país de grande mobilidade
social mas avisa: muitos sobem
pouco e poucos sobem muito




Os brasileiros entrevistados nesta reportagem não saíram dos livros de auto-ajuda. São gente de carne e osso, homens de barba, barriga saliente, roupa amassada e sapato com marcas de terra. São uma amostra dos 10,5 milhões de chefes de família que chamaram a mulher e os filhos para carregar a trouxa e subir na vida. Após duas décadas de esforço e suor na testa, ajudaram a criar um país melhor. O Brasil já foi o país da miséria rural, de uma vida tão ruim que a distância nem era medida pelo nível de renda, mas pelo patamar diferente de civilização que se observava em um bairro de cidade e em uma colônia de empregados na fazenda do coronel. Ali, longe da cidade, vivia a fatia mais numerosa da população. Esse Brasil mudou. Hoje os pobres do campo são uma fatia que não pára de encolher, dia após dia. A fatia mais larga está no meio, abrigando um povo típico das cidades, com seus pequenos profissionais, motoristas, operários, funcionários de escritório – a chamada classe média baixa. Essa gente encara um cotidiano de dificuldades imensas, mas já venceu o sufoco sombrio e pesado dos andares inferiores.

Conclusão: a população brasileira está em um processo febril de mobilidade. Boa notícia: essa mobilidade ocorre para cima na maior parte dos casos. Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, informa que nada menos de 63% da população mudou de lugar em duas décadas. Num trabalho que compara o país de hoje com o de 1973, os entrevistadores do IBGE saíram a campo, em 1996, para fazer as mesmas perguntas ao mesmo tipo de gente ouvida duas décadas atrás – 42.000 chefes de família, todos homens, empregados, com idade entre 20 e 64 anos. Após três anos desagregando dados, comparando resultados e fazendo projeções, só agora foi possível chegar a números exatos e conclusões claras. Nos dados gerais, o levantamento confirma que no Brasil a mobilidade social é altíssima, comparável à de poucos países, como Austrália e Estados Unidos.

Retirantes: o progresso numa travessia com dor
e sofrimento

Para cada quatro brasileiros que subiram na vida, apenas um caiu, informa o levantamento. Em números exatos, a relação é de 49% para 13%. A pesquisa também chegou a detalhes precisos. Apurou que a maioria só começa a progredir depois dos 30 anos – antes disso está entrando na profissão, ganha mal e tem pouca chance de subir. Em uma revelação surpreendente, o IBGE afirma que a melhor idade para uma arrancada é perto dos 60 anos, entre 55 e 59 – momento da carreira em que o gerente é promovido a diretor e o executivo abre seu negócio.

Desconfie daqueles que reclamam que o Brasil tem novo-rico demais. O que o Brasil tem, em linguagem menos preconceituosa, é rico novo. Há vinte anos, a elite abrigava 3,5% dos chefes de família. Engordou mais de um terço e agora representa 4,9%. Seu clube continua pequeno, mas não é fechado. Atenção: apenas um quinto dos habitantes do topo do edifício social brasileiro já nasceu nesse lugar. Os outros trazem o sangue novo dos andares de baixo. O espetacular é que 20% desses rompedores são filhos de pais que subsistiam na miséria rural. Isso mesmo: gente que vivia com enxada na mão, em palhoça, sem água encanada nem luz elétrica. Na categoria "elite", a pesquisa não coloca apenas os empresários de projeção ou mesmo os homens de muito dinheiro. Incluem-se na classificação os professores universitários, os altos funcionários, os donos de negócios como restaurante e imobiliária. São pessoas que estão no topo, embora não se possa comparar sua condição com a de Antonio Ermírio de Moraes ou a de Olavo Setubal. Esse clube cresce pela educação. Uma pesquisa entre estudantes de ciências sociais mostra que 30% deles são filhos de trabalhadores sem qualificação. Os pais de 11% não sabem ler nem escrever. Um levantamento entre os juízes mostra situação idêntica. Em 1960, apenas 2,5% dos estudantes da Universidade de São Paulo vinham do andar de baixo.

Em um artifício para abrir as entranhas do país numa prancheta de microscópio, a pesquisa dividiu a população em seis faixas. Cada chefe de família encontra seu lugar, ali, a partir de uma equação matemática que combina fatores como a ocupação da pessoa, sua renda no trabalho, os anos de estudo – em comparação com o pai. Com esse método, mede-se o chamado status sócio-econômico das pessoas, apontando seu degrau na escada social. Por razões metodológicas, o levantamento só entrevistou homens responsáveis pelo sustento da casa, deixando de lado as mulheres, que em número cada vez maior garantem a geladeira e a escola dos filhos (veja reportagem).

Ao contrário dos levantamentos sobre inflação, desemprego e popularidade, as pesquisas sobre mobilidade desenham realidades de longo prazo e contam histórias de sucesso que enchem de orgulho seus protagonistas. Filho de uma faxineira, Florestan Fernandes não conheceu o pai, alfabetizou-se com dificuldade, mas tornou-se professor da sociedade paulistana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Colosso milionário, Olacyr de Moraes morou em casas apertadas de bairros populares e começou a trabalhar numa pequena empresa de caminhões do pai. Intelectuais que imaginaram o Brasil como o país de uma oligarquia imutável passaram décadas tentando provar que os pobres estavam predestinados à pobreza e os ricos tinham lugar assegurado na riqueza. Essa visão nada mais era do que um preconceito.

Ninguém precisa cultivar a ilusão de que é fácil subir. A travessia social não é um passeio recompensado pelo descanso na terra prometida, mas uma caminhada de sacrifício e dor. Tangida pela carência, pela doença, a maioria das pessoas acaba expulsa de onde residia até chegar a um lugar melhor para viver – às vezes, um barraco numa favela, um quarto numa pensão. Os brasileiros de origem pobre que conseguem ascender ao clube dos ricos chamam a atenção pela proeza que realizam. Mas não é fácil chegar lá, obviamente. A chance de um filho de pai muito pobre subir até o topo é de 1,8, contra 98,2. Parece nada, mas já é muita coisa quando se compara a mobilidade social no Brasil com a de outros países. Na maior parte dos casos, ascensão significa chegar a um objetivo mais modesto que a obtenção do sucesso absoluto e definitivo. Conseguir viver com luz elétrica, água encanada e escola para os filhos nas imediações de casa são elementos que traduzem ascensão social para milhões de brasileiros.
Foto: Egberto Nogueira

Balcão de emprego: ascensão social é luz elétrica
e água encanada

Na pesquisa, o IBGE colheu dados objetivos, mas também queria conhecer a opinião de cada entrevistado. Perguntou-se se ele considerava que as chances para subir, hoje em dia, estavam iguais, melhores ou piores que no passado. O resultado é curioso. Embora 49% tenham progredido na vida, apenas 37% disseram que as chances de subir cresceram. Os demais responderam que tudo ficou igual – ou até piorou. Ocorre com a mobilidade social um desses casos de copo com água até a metade – pode estar meio cheio ou meio vazio. Para quem olha de cima, o balanço é positivo, pois mostra que existe muita gente escapando da miséria. Para quem olha de baixo e sente na pele cada gota de suor derramado, é outra coisa. "Somos um país onde muitos sobem pouco e poucos sobem muito", sintetiza o professor José Pastore, que coordenou a pesquisa de 1973 e voltou a campo para conferir os resultados do novo levantamento. (Filho de contador, Pastore formou-se em sociologia pela USP e fez pós-graduação nos Estados Unidos, depois de começar a trabalhar aos 13 anos. As chances de uma história como a sua se repetir são de uma contra vinte.)

"Não se pode ficar ufanista", diz Nelson do Valle Silva, do Laboratório de Análise Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, o outro coordenador do estudo. "Apuramos um país com grande mobilidade, mas também um país muito desigual." (Filho de médico, Nelson nasceu no topo e ali permaneceu. De cada dez pais do topo, três conseguem manter seus filhos ali.) Os países europeus têm mobilidade muito baixa, mas sua desigualdade é pequena. As pessoas não sobem tanto – entretanto, a cesta básica está resolvida. Austrália e Estados Unidos têm uma mobilidade social imensa. Também são países mais desiguais – mas a diferença nem de longe chega perto do abismo social brasileiro. Sete em cada dez brasileiros circulam entre os três andares inferiores da pirâmide sem conseguir saltar para os andares de cima – e é só a partir dali que está o conforto. Na luta desigual pelas oportunidades, as faixas de baixo freqüentam escolas péssimas, as crianças continuam trabalhando antes dos 14 anos – cada ano de trabalho precoce diminui em 10% as chances de progredir. Distâncias tão grandes tornam ainda mais admirável a ascensão de cada brasileiro, por mais modesta que ela possa parecer aos olhos de quem está de fora.


sexta-feira, 18 de março de 2011

TRABALHO ESCRAVO E INFANTIL





Trabalho infantil gera lucro pra quem explora, pobreza pra quem é explorado, faz parte da cultura econômica brasileira e está diretamente ligado ao trabalho escravo. A quem incomoda a luta contra o trabalho infantil? Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho escravo. Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho degradante. O combate ao trabalho infantil incomoda a quem lucra com o trabalho infantil, a quem lucra com o trabalho escravo e a quem lucra com o trabalho degradante.
A quem incomoda a dignidade humana; a quem incomoda a beleza, a resistência, a sensualidade, a honestidade, a capacidade de organização do pobre; a quem incomoda a imagem bonita dos menos favorecidos? A quem incomoda a denúncia das injustiças da pobreza? Incomoda aos ricos e incomoda a uma parcela da classe média. Pra existir um rico quantos pobres tem que existir? Me perguntou um dia um carvoeiro, cansado de trabalhar, desde criança.
Ataliba dos Santos estava cansado de não assinar a carteira, não estudar, cansado de nãos... E cansado de não ter respostas. Enquanto fotografava pensava a quem interessa o desequilíbrio social? No Brasil, o trabalho infantil não é conseqüência da pobreza, mas sim instrumento financiador dela. Empregar crianças significa lucro fácil. A exploração infantil gera o desemprego dos pais, trabalho escravo, crianças doentes, subnutridas, morando em precárias condições, prejudicadas na sua capacidade intelectual e no seu direito à educação, lesadas no seu direito ao lazer, ao carinho, à alegria; sem infância.
“A gente custa muito pra entender que nasceu pra ser peixe de engordar gato que engorda rico e, em casa, a gente fabrica com todo amor os próximos peixinhos. Pra fugir disso, botei todo mundo pra estudar, mas sinto um aperto no peito porque sei que o ensino é muito ruim. Filho de pobre, mesmo depois de estudar um, dois, quatro anos, continua analfabeto. “As palavras de José dos Santos, carvoeiro na região do serrado, em minas Gerais expressão a luta para mudar uma realidade.
José dos Santos está tentando romper uma corrente perversa que alimenta uma cadeia de trabalho degradante nas carvoarias brasileiras, assim como nos sisais, nas fazendas, nos canaviais, nas pedreiras e em vários setores do segmento rural que alimentam indústrias urbanas. O trabalhador que vive em trabalho degradante ou análogo a escravo, é, na sua imensa maioria, analfabeto, e foi explorado como trabalhador infantil. Aconteceu assim com seus pais e seus avós. O caminho normal é acontecer com os filhos e netos.
Infelizmente, ainda não existe no Brasil uma política social que faça a associação entre trabalho infantil e trabalho degradante, análogo a escravo ou escravo, de forma a romper esse círculo. A realidade é que o trabalhador escravo de hoje foi o trabalhador infantil de ontem. A realidade do trabalho nas carvoarias brasileiras merece uma análise diferenciada. Muitas vezes o trabalho não é considerado trabalho escravo, outras vezes sim.
Porém, sempre é um trabalho extremamente pesado e quase sempre, mesmo em casos de carteira assinada, um trabalho degradante. Acaba com a saúde do trabalhador. Muitas vezes, olhar uma carvoaria em pleno vapor é, do ponto de vista humanitário, algo inaceitável.




ACâmara dos Deputados está prestes a votar uma das mais importantes Emendas Constitucionais deste ano. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438, que confisca a propriedade rural em que for encontrado trabalho escravo, será fundamental para contribuir com a erradicação desta prática no país. Milhares de brasileiros são obrigados a trabalhar em condições desumanas, roubados de sua dignidade e de sua liberdade, enquanto alguns poucos empresários lucram com a exploração dessa mão-de-obra. Com isso, cometem um crime contra os direitos humanos e, ao mesmo tempo, mancham a imagem do Brasil no exterior. A Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE) enumerou as mentiras mais contadas por aqueles que não querem ver o problema resolvido e contou a verdade por trás delas.

MENTIRAS SOBRE O TRABALHO ESCRAVO





Mentiras:
1.Não existe trabalho escravo no Brasil.
2.A escravidão foi extinta em 13 de maio de 1888.
3.Se o problema existe, é pequeno. Além disso, apenas uma meia dúzia de fazendeiros utiliza trabalho escravo.
4.A lei não explica detalhadamente o que é trabalho escravo. Com isso, o empresário não sabe o que é proibido fazer.
5.A culpa não é do fazendeiro e sim de “gatos”, gerentes e prepostos. O empresário não sabe dos fatos que ocorrem dentro de sua fazenda e por isso não pode ser responsabilizado.
6.O trabalho escravo urbano é do mesmo tamanho que o trabalho rural.
7.Já existem muitas punições para quem pratica trabalho escravo. É só fazer cumprir a lei que a questão está resolvida. Não é necessária a aprovação de uma lei de confisco de terras.
8.A Justiça já tem muitos instrumentos para combater o trabalho escravo, não é necessário criar mais um.
9.Esse tipo de relação de trabalho já faz parte da cultura da região.
10.Não é possível aplicar a legislação trabalhista na região de fronteira agrícola amazônica. Isso geraria desemprego.
11.A fiscalização abusa do poder e é guiada por um viés ideológico. A Polícia Federal entra armada nas fazendas.
12.A divulgação internacional prejudica o comércio exterior e vai trazer prejuízo ao país.
13.A imprensa prejudica a imagem de estados como Pará, Mato Grosso,Tocantins, Maranhão, Rio de Janeiro e Bahia, entre outros, ao mostrar que há propriedades com trabalho escravo.
14.O Estado está ausente da região de fronteira agrícola e só aparece para punir quem está desenvolvendo o país.


Comentário sobre algumas:



1) Mentira: Não existe trabalho escravo no Brasil.
Verdade: Infelizmente, existe. A assinatura da Lei Áurea, em 1888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra, colocando fim à possibilidade de possuir legalmente um escravo. No entanto, persistem situações que mantêm o trabalhador sem possibilidade de se desligar de seus patrões. Há fazendeiros que, para realizar derrubadas de matas nativas para formação de pastos, produzir carvão para a indústria siderúrgica, preparar o solo para plantio de sementes, entre outras atividades agropecuárias, contratam mão-de-obra utilizando os famigerados “gatos”.
Eles aliciam os trabalhadores, servindo de fachada para que os fazendeiros não sejam responsabilizados pelo crime. Esses “gatos” recrutam trabalhadores em regiões distantes do local da prestação de serviços ou em pensões localizadas nas cidades próximas. Na primeira abordagem, eles se mostram pessoas extremamente agradáveis, portadores de excelentes oportunidades de trabalho. Oferecem serviço em fazendas, com salário alto e garantido, boas condições de alojamento e comida farta.
Para seduzir o trabalhador, oferecem “adiantamentos” para a família e garantia de transporte gratuito até o local de trabalho. O transporte é realizado por ônibus em péssimas condições de conservação ou por caminhões improvisados sem qualquer segurança. Ao chegarem ao local de trabalho, eles são surpreendidos com situações completamente diferentes das prometidas. Para começar, o “gato” lhes informa que já estão devendo.
O adiantamento, o transporte e as despesas com alimentação na viagem já foram anotados no caderno de dívida do trabalhador que ficará de posse do “gato”. Além disso, o trabalhador percebe que o custo de todos os instrumentos que precisar para o trabalho – foices, facões, motosserras, entre outros – também serão anotados no caderno de dívidas, bem como botas, luvas, chapéus e roupas.
Finalmente, despesas com os emporcalhados e improvisados alojamentos e com a precária alimentação serão anotados, tudo a preço muito acima dos praticados no comércio.

4) Mentira:
A lei não explica detalhadamente o que é trabalho escravo. Com isso, o empresário não sabe o que é proibido fazer.

Verdade: O artigo n.º 149 do Código Penal (que trata do crime do trabalho escravo) existe desde o início do século passado. A legislação trabalhista aplicada no meio rural é da década de 70 (lei n.º 5.889). Portanto, tanto a existência do crime como a obrigação de garantir os direitos trabalhistas não são coisas novas. Os proprietários rurais que costumeiramente exploram o trabalho escravo, na maioria das vezes, são pessoas instruídas que vivem nos grandes centros urbanos do país, possuindo excelente assessoria contábil e jurídica para suas fazendas e empresas.
Além disso, uma série de acordos e convenções internacionais tratam da escravidão contemporânea. Por exemplo, as convenções internacionais de 1926 e a de 1956, que proíbem a servidão por dívida, entraram em vigor no Brasil em 1966. Essas convenções estão incorporadas à legislação nacional. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) trata do tema nas convenções número 29, de 1930, e 105, de 1957. Há também a Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento, de 1998.
De acordo com o Relatório Global da OIT de 2001, as diversas modalidades de trabalho forçado no mundo têm sempre em comum duas características: o uso da coação e a negação da liberdade. No Brasil, o trabalho escravo resulta da soma do trabalho degradante com a privação de liberdade. O trabalhador fica preso a uma dívida, tem seus documentos retidos, é levado a um local isolado geograficamente que impede o seu retorno para casa ou não pode sair de lá, impedido por seguranças armados. A Organização utiliza, no Brasil, o termo “trabalho escravo” em seus documentos.


5) Mentira: A culpa não é do fazendeiro e sim de “gatos”, gerentes e prepostos. O empresário não sabe dos fatos que ocorrem dentro de sua fazenda e, por isso, não pode ser responsabilizado.
Verdade: O empresário é o responsável legal por todas as relações trabalhistas de seu negócio. A Constituição Federal de 1988 condiciona a posse da propriedade rural ao cumprimento de sua função social, sendo de obrigação de seu proprietário tudo o que ocorrer nos domínios da fazenda. Por isso, o fazendeiro tem o dever de acompanhar com freqüência a ação dos funcionários que administram sua fazenda para verificar se eles estão descumprindo alguma norma da legislação trabalhista, além de orientá-los no sentido de contratar trabalhadores de acordo com as normas estabelecidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).


6) Mentira: A Justiça já tem muitos instrumentos para combater o trabalho escravo; não é necessário criar mais um.

Verdade: Erra quem pensa que trabalho escravo é um problema apenas trabalhista. Trabalho escravo é um crime de violação de direitos humanos. Normalmente, quem se utiliza dessa prática também é flagrado por outros crimes e contravenções. Dessa forma, o trabalho escravo torna-se um tema transversal, que está ligado a diversas áreas e por todas deve ser combatido. A própria Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) é intersetorial, envolvendo diversas instituições estatais e da sociedade civil.
Trabalho escravo também é um problema de desrespeito aos direitos humanos (tortura, maus tratos), criminal (cerceamento de liberdade, espancamentos, assassinatos) e previdenciário. Todos sabem que a PEC, quando aprovada, não vai resolver sozinha o problema do trabalho escravo. Para isso, é necessário também gerar empregos, conceder crédito agrícola, melhorar as condições de vida dos trabalhadores, atuando de forma preventiva nos locais de aliciamento para que eles não precisem migrar em busca de um emprego em local distante e desconhecido. Mas a nova lei vai se somar aos instrumentos já existentes para erradicar o problema.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Vamos refletir???

Jabor - Gostem ou não, o texto é imperdível!



-Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca.
Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida;
Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;
Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade. ...
Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária.
É coisa de gente otária.
- Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.

Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada.
Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai.
Brasileiro tem um sério problema.
Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

- Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.

Brasileiro é vagabundo por excelência.
O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo..
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo..
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
- Brasileiro é um povo honesto. Mentira.

Já foi; hoje é uma qualidade em baixa.
Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso.
Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.


- 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.

Já foi.
Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da
Guerra do Paraguai ali se instalaram.
Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente.
Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal.
Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

- O Brasil é um pais democrático. Mentira.

Num país democrático a vontade da maioria é Lei.
A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia.
Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita.
Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores).
Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.

Democracia isso? Pense !

O famoso jeitinho brasileiro.
Na minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira.
Brasileiro se acha malandro, muito esperto.
Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.
No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí?
Afinal somos penta campeões do mundo né?? ?
Grande coisa...

O Brasil é o país do futuro. Caramba , meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos.
Dessa vergonha eles se safaram...
Brasil, o país do futuro !?
Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

Deus é brasileiro.
Puxa, essa eu não vou nem comentar...

O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.
Para finalizar tiro minha conclusão:


O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente.
Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta.
Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.
Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!

Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?


Arnaldo Jabor